Há homens assim.
Que nos entram pela vida adentro sem pedir com licença ou desculpe qualquer coisinha.
Que nos descobrem e tocam no nosso eu mais íntimo, quando nós pensávamos que já não havia mais nada para descobrir ou tocar.
Que nos deixam horas a olhar para o vazio sem saber o que pensar e dizer, quanto mais o que escrever.
Que nos criam inéditos pudores em revelar o que vivemos, o que sentimos e o que fizemos.
Há homens assim. Únicos, diferentes e no fundo tão normais dentro da desejada normalidade. Tão sedentos de vida feliz que só desejam no início de cada dia, chegar à noite e adormecer a sorrir. Serenos.
Que não me aborrecem, que escutam e que falam, que aprendem e que ensinam, que dão e que recebem.
Que me fascinam. E que sabem até conjugar os verbos de forma honesta.
E porque há homens assim, seria justo que um dia eu me cruzasse com um.
E seria justo que nesse dia, nem que fosse apenas nesse dia, eu tivesse tudo a que tenho direito. Nem mais nem menos.
Hoje é o dia.
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